Em um período sombrio para a indústria musical onde a suspensão dos shows presenciais trouxe um gosto amargo na boca de todos, o Epica resolveu presentear os fãs com um show virtual digno de Oscar.
Antes de tudo, a apresentação, batizada de “Omega Alive – A Universal Streaming Event”, marcou a estreia das músicas do novo disco “Omega” no formato ao vivo. Apostando na força do novo registro, a banda recheou o set com músicas novas que funcionaram muito bem.
Destaque para “Abyss of Time – Countdown to Singularity”, que abriu a noite revelando o lindo cenário preparado no estúdio AED, na Bélgica, onde tudo foi gravado. Ainda que não tenha sido de fato ao vivo, o show empolgou do início ao fim, com dinâmica, entrosamento e carisma batendo ponto.
Se “The Skeleton Key” mostrou a força e versatilidade do tecladista Coen Janssen, foi em “Rivers” que o novo álbum mostrou seu diferencial: as melodias bem pensadas, com profundidade. Tudo isso em uma roupagem acústica com um coro no estilo Van Canto dando suporte para Simone Simons brilhar.
Das antigas, “Kingdom of Heaven” (a original) e principalmente “Cry For The Moon” coroaram uma relação bonita que a banda tem com os fãs e com todos que ajudaram o Epica a se tornar uma das grandes referências do symphonic metal mundial.
Em “Cry...”, o momento em que a câmera abriu e focou na produção foi mágico. Simone explicou que essa música pode ser considerada o “Alfa” da banda, pois foi escrita para o primeiro disco, “The Phantom Agony”. Agora, a banda celebra o fim de uma fase, com “Omega”, última letra do alfabeto grego.
O grande barato da produção foi descobrir como manter o pulsar em um show virtual, abusando das tomadas de câmera ousadas, como por exemplo em uma certa ocasião onde Simone ficou ao centro e os rapazes ao redor, com o vídeo correndo de um para outro, sem cortes.
Em meados dos anos 90, os suecos do Therion cimentaram as fundações do Symphonic Metal, com registros clássicos do estilo como “Vovin”. Depois, foi a vez dos finlandeses do Nightwish pegarem a tocha e explodir a popularidade do gênero principalmente com o “Once”, no meio dos anos 00.
Agora, ao que tudo indica, o Epica está caminhando a passos largos para assumir o trono de vez como referência nessa junção do bom e velho heavy metal com influências de música clássica.
Cada vez mais entrosados e à vontade no palco, o sexteto descobriu uma fórmula estudada e desenvolvida com carinho por muitos anos para compreender a melhor maneira de fazer um show funcionar.
Resta a torcida para a pandemia acabar de vez e que o mundo possa presenciar, in loco, a força de “Omega” e também de toda a forte discografia dos holandeses.
Fotos por: Carolina Soares