23/02/2023 às 18:27 Resenha de Shows

Uma noite de hard rock com Johnny Gioeli marcada por clássicos de Axel Rudi Pell e Hardline

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4min de leitura

Por Leandro Isoppo (Alma Hard)

A vinda de Johnny Gioeli ao Hard Rock Café em Curitiba ficou marcada como uma das mais emblemáticas para os amantes de hard rock. Não que a cidade já não tivesse presenciado grandes nomes como Guns N´ Roses, Europe, Twisted Sister e Whitesnake. Mas ter Gioeli por aqui significava aproveitar vários mundos dentro do próprio estilo. Teríamos a possibilidade de ouvir o hard/neoclássico do guitarrista Axel Rudi Pell, em que o vocalista permanece intacto desde 1998. Ou com o Hardline, grupo que no início dos anos 90 deixou um dos melhores registros de todos os tempos. Mas havia a esperança remota de ouvirmos algo do Crush 40. Para quem desconhece, o grupo possui uma legião de fãs por conta das maravilhosas trilhas sonoras para diversos jogos de videogame, entre eles Sonic the Hedgehog. Inclusive foi o motivo principal do artista se deslocar para América do Sul, devido a uma feira de anime que aconteceu dias antes no Chile.

Uma outra ótima surpresa surgiu semanas antes com o anúncio da banda de melodic rock paranese Landfall. Contratada da gravadora Frontiers, já possui dois lançamentos, um deles bem recente, intitulado “Elevate”. Conhecidos na cena curitibana como um dos melhores e mais técnicos músicos da cidade, remanescentes do grupo Wild Child, fizeram uma perfeita fusão para os vocais melódicos e requintados do experiente Gui Oliver, que também já passou por bandas locais como o Sabre e Auras.

Em torno das 21:00, a Landfall subiu ao palco com certa tranquilidade, jogando em casa, e com um público que já conhecia o seu trabalho. Mas havia alguns olhares, como de quem apenas ouviu falar, mas como qualquer curitibano ficava com a “pulga atrás da orelha”. Mas não demorou muito para todos ficarem de queixo caído. Os pontos altos ficaram com as execuções de “Never Surrender” e “Two Strangers”, do segundo registro, e “Rush Hour” e “Jane´s Carousel”, de seu debut. Não podendo esquecer da linda homenagem ao falecido baterista do Mr.Big, Pat Torpey, em “Heroes Are Forever”. Uma apresentação enxuta, com gosto de quero mais, e mostrando que o melodic rock está perfeitamente representado por aqui. E confesso, senti o público tão empolgado, surpreso e boquiabertos quanto a banda principal.

Poucos minutos de intervalo, e a atração principal do dia sobe ao palco. Os integrantes da banda de apoio começam a surgir. O baterista Gabriel Haddad, do Sioux 66, e guitarrista Bruno Luiz dão as caras junto com Bento Melo, baixista do Nite Stinger. Além do experiente tecladista Bruno Sá, que já esteve ao lado do Angra, Tarja e Geoff Tate, todos mostram grande profissionalismo. Logo os primeiros riffs de “Tear Down The Walls” de Axel Rudi Pell estendem o tapete vermelho ao carismático Johnny Gioeli, que demonstrou vitalidade de um adolescente, mas com a experiência de quem já está na estrada há mais de 40 anos, do início ao fim.

Os riffs característicos de “Take Me Down” fazem qualquer hard rocker velho chorar, refletindo na oportunidade única em ouvirmos este hino, que finalmente aconteceu. Mesmo antes de terminar de enxugarmos as lágrimas, o solo de guitarra que introduz “Dr. Love”, só aumentou a enchente, mas da mesma forma, o calor e a energia do público as secavam de forma instantânea.

Para delírio dos fãs do guitarrista alemão, “Voodoo Nights” surge com suas luzes vermelhas incandescentes no palco. Enquanto Johnny, inquieto, parecendo querer ocupar o espaço do palco de forma onipresente. Seguida de “Strong as a Rock”, outro clássico de ARP, mas desta vez do álbum Kings and Queens.

Uma breve pausa, seguida algumas piadas feitas por Gioeli (na verdade eram feitas a todo momento), deram lugar a um discurso sobre a vida. Eis que um fã grita ao fundo “Life´s a Bitch”, esta quem vem a inconfundível introdução de bateria. Para mim dos pontos mais altos da apresentação.

Após o agito, vem a calmaria. “Masquared Ball”, arrepia todos os presentes, com a sua bela construção e execução perfeitas entre teclado e guitarra. Seguida pela minha preferida “Carousel” do disco “Oceans of Time”, esta “dobradinha” nostálgica, oriundas de quando o Metal Melódico dominava o cenário do Metal, principalmente no Brasil, e estas eram uma das poucas bandas que cabiam dentro dos dois estilos.

E uma surpresa com a segunda música mais famosa do Hardline, “Fever Dreams”, que pertence ótimo Danger Zone, que mesmo com 20 anos de diferença de seu debut, causa a mesma euforia por parte dos fãs. Muito pela sua execução em massa pelo Youtube no início da massificação da plataforma entre as grandes gravadoras.

Em meio a já tantas pérolas executadas, Johnny percebe que deveria ter trazido algum material do Crush 40, devido a quantidade de fãs do grupo no local. Ele cantarola um trecho de uma das canções, deixando alguns fãs, muito animados, mas logo se desculpa por não as ter ensaiado com a banda.

Emendando com “Everything”, lado B que encaixa como uma luva para o maior clássico do Hardline, “Hot Cherie”. As notas não mentem, e um coral entre todos os presentes explode, algo surreal e que marcou a vida de muitos ali presentes. Finalizando com “Rock The Nation” do álbum “Mystca”, talvez esta poderia ter cedido espaço para outra composição de maior renome como “Edge of the World” do Shadow Zone ou do novo material.

Eis que a última faixa “Rhythm From a Red Car” vem com seu peso absurdo, sujeira e refrão pegajoso, uma das melhores opções para encerrarmos esta histórica apresentação no Hard Rock Café. Além de extremamente acessível, Johnny recebeu todos os fãs para uma noite de autógrafos e fotos, parecia muito à vontade e pronto para usufruir de seu talento, com o carinho e amizade de todos seus seguidores.




23 Fev 2023

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