“Fortitude”, sétimo disco do Gojira, comprova a vocação da banda de ser “fora do comum” e fazer mais do que o job description.
O ofício principal – tocar heavy metal – os franceses dominam muito bem. O quarteto capitaneado pelos irmãos Mario e Joe Duplantier, entretanto, faz muito mais do que isso.
Já que os políticos, que são os titulares, não resolvem, o Gojira resolveu entrar em campo, bater o escanteio e correr para cabecear.
Por que não acumular funções? Além de entregar um disco formidável, as letras da banda colocaram a nu diversas mazelas contemporâneas como o drama dos tibetanos exilados e o desmatamento da Floresta Amazônica.
E por que só apontar o erro se pode fazer algo para resolver? Nesse espírito, o Gojira criou uma campanha para arrecadar fundos para efetivamente ajudar os povos indígenas brasileiros. Essa espécie de “síndrome de Capitão Planeta” acabou dando muito certo.
Dessa maneira, “Fortitude” é uma daquelas obras que faz a arte avançar. Musicalmente, traz o esqueleto do death metal, mas adornado por riffs que funcionam como verdadeiros mantras, repetindo loops meditativos que convidam a entrar fundo na mensagem.
Músicas como “Amazonia” e “The Chant” possuem uma beleza particular que só a simplicidade carrega. “Sphinx” e “Into The Storm”, por outro lado, buscam no peso das guitarras uma forma de expressão.
O maior destaque do disco, certamente, vai para Mario Duplantier. O arsenal de levadas e viradas de sua bateria conseguiram passar na medida certa o transtorno da banda em relação aos temas que advoga.
Seu irmão, Joe, provou mais uma vez que a voz do death metal pode ser versátil. Ora cantando limpo, ora meio termo e ora 100% gutural, seu dinamismo trouxe a sensação de que cada música é única, com forma específica de cantar.
A espera por “Fortitude” foi longa. Infindáveis cinco anos separam o disco do espetacular “Magma” (2016). A distância, no entanto, acabou fortalecendo o trabalho. Vale a qualidade do que a quantidade.
Seja como banda de metal ou “xerife do mundo”, o Gojira mostrou que consegue ter excelência em todas as funções que se propõe.
Te cuida, Green Peace!
