Jairo Guedz é guitarrista e fundador do The Troops of Doom, mas antes disso fez história na guitarra do Sepultura. Conversei com ele sobre carreira, religião e influências e o resultado você confere aqui embaixo! Boa leitura!
Como foi o último show do The Troops of Doom?
Esse do Sesc Belenzinho foi o primeiro do ano. Começamos a turnê em dezembro com o I Am Morbid, fizemos várias capitais no Brasil. Ficamos muito surpresos e felizes porque foi o primeiro show da nossa carreira muito jovem. Temos três anos de banda e foi o primeiro show que foi só nosso – exclusivo da banda, sem sermos banda de abertura de algo maior. Faltando meia hora para o show, o pessoal da casa disse que estava sold out. Foram 700 ingressos! Ficamos muito felizes com isso!
Como foi o começo do The Troops of Doom?
Tive uma fase muito difícil na minha vida. Sou alcóolatra e quando as coisas ficam difíceis, o alcóolatra parece que entra mais de cabeça nessa viagem. Ele acaba piorando as coisas. Isso foi de 2006 até 2015. Fiz uma terapia com psicanalista e foi muito bom. Melhorei o alcoolismo e relações familiares. Tratei vários assuntos e um deles foi essa distância que sempre mantive da minha história com o Sepultura, apesar das pessoas não perceberem isso. Eu sentia vergonha ou medo de assumir isso. Eu sou o cara que ajudou a criar e desenvolver a banda e fiz dois discos. Comecei a compor um terceiro disco. Eles me respeitam. Isso foi mostrado para mim e fui entendendo isso. Passei a entender que poderia me dar direito de usar isso a meu favor. É meu próprio currículo e parte da minha história. Não teria que ter medo de ser julgado de usar o nome do Sepultura. Nunca usei o nome da banda. Uso o link mais do que óbvio do nome da banda. É a ligação que tenho com o ‘Morbid Visions’.
Essa terapia me ajudou a entender. Então, decidi montar uma banda e retomar essa atmosfera dos anos 1980. É o que sei fazer e tocar. Não adianta querer outra coisa. Montamos a banda em 2015. Não tínhamos baterista nem vocal ainda. Entramos em contato com o Shagrath, vocal do Dimmu Borgir. Ele curte nossa história e ele topou fazer o projeto e gravar. Chegamos a conversar com bateristas, mas ele disse que não conseguiria fazer shows, porque tem o Dimmu e ele tinha outros projetos também. Não estava nos meus planos fazer uma banda de estúdio. Eu queria tocar ao vivo. Não achei legal manter uma banda com uma galera que não poderia se apresentar conosco. Agradeci e no futuro devemos fazer algo juntos, mas precisava ir para a estrada. Engavetamos essa ideia até 2020, quando veio a pandemia. Nessa época, estava no The Mist e paramos por causa da quarentena. Aí, veio a possibilidade do Troops. Trouxe esse nome porque é uma autoria minha. Coloquei só o ‘The’ na frente. O Alex Kaffer assumiu o vocal e a proposta é resgatar de onde parei no Sepultura.
Quais memórias você tem da composição da música ‘Troops of Doom’?
É muito difícil para mim ter memórias daquela época, por vários motivos. Perdi parte da memória talvez de tanto beber, não sei. Sempre busco amigos que vivem essa época comigo e peço para eles me ajudarem a lembrar. Eu confundo cidades e datas. Misturo as memórias dos anos 1980 e 1990. Agora, lembro de fragmentos. Eu e o Max Cavalera trocando ideias sobre a ‘Troops of Doom’. A ideia era fazer uma música mais arrastada, na onda da ‘Symptom of the Universe’, do Black Sabbath, e pegando um pouco de Celtic Frost, por causa da entrada orquestrada com notas longas. Ela foi uma mistura de influências. Queríamos algo que não fosse porradaria e sim mais pesado. Na época do ‘Bestial Devastation’, fizemos algo parecido, que foi a ‘Necromancer’. Só que ela já fica porrada depois. Então, lembro dessas cenas. Tocando no violão e no meio do riff falarmos: ‘Isso não, está muito parecido com Black Sabbath!’ [risos]. Às vezes, um compasso a mais ou uma nota específica acaba ficando parecido! O objetivo era tentar se distanciar para não ficar muito parecido.
No ‘Morbid Visions’, o tema da crítica à religião é forte. No The Troops of Doom, temos essas mesmas críticas. Como você analisa esses dois momentos em relação ao discurso contra a religião? Qual sua relação com a religião?
A diferença básica entre aquela época e hoje é a maturidade. Naquela época, falávamos contra a religião porque era uma forma de agredir. Era a rebeldia. Tínhamos dois caminhos na época. Ou falar sobre religião ou sobre política. Como o Sepultura nasceu e se desenvolveu na minha fase dentro de um país que era governo militar e não democracia, não era muito saudável falar sobre política. Deixamos isso para bandas mais hardcore e punk. Nem existia a palavra hardcore, na verdade. Era tipo Ratos de Porão, Olho Seco e Cólera. Nós gostávamos muito. Gostávamos também das bandas gringas de punk, que tinham rebeldia contra o sistema. Talvez pelo nosso estilo mais para o death metal, resolvemos focar na religião, que seria o tema a ser abordado.
Fazíamos isso de forma meio infantil e sem maturidade. Era mais pela agressividade mesmo, mas não deixava de ser verdadeiro. Era uma rebeldia inerente com nossa idade e realidade. Hoje, o The Troops of Doom trata desse assunto porque interessa a todos da banda. Eu, Marcelo e o Alex somos os mais focados em fazer as letras. Hoje, enxergamos isso de uma maneira mais amadurecida. Não sei qual a religião do Alexandre, nosso baterista, mas todos nós somos de família cristã e católica. Agora, o Alex tem ligação grande com o candomblé. Ele tem essa pegada de Iemanjá. Não sei se ele vai em terreiro e tal. O Marcelo fala muito pouco de religião, mas acho que ele não é ateu. Eu sou o único ateu da banda, até onde sei. Desde a adolescência, sou assim e sempre busco onde eu estaria errado para encontrar um deus. Minha esperança de que eu esteja errado sempre foi muito grande. Queria estar errado, mas infelizmente não acredito que estou errado. Sou ateu e não participo de nenhum tipo de religião.
Tem gente que não entende, mas sou sócio do Templo Satânico em Nova York, nos EUA. Eles se colocam como religião, apesar de todos serem ateus, porque precisavam disso para difundir a ideia da Igreja Satânica. A principal coisa é que eles não acreditam nem em deus e nem em satanás. Nada que seja sobrenatural, digamos assim. Para eles, não existem santos nem demônios. Eles tiveram que desenvolver essa associação com o aspecto de religião no contrato social para poder se inserir dentro do que se propõem nos EUA. Acho muito bacana, eles têm as sete regras do satanismo, que fala, por exemplo, que você não pode adorar nem deus nem satã. A grande maioria deles são vegetarianos ou veganos, porque não aceitam que seja feito mal a qualquer animal. A não ser que você esteja correndo risco de vida. Se você estiver sendo atacado por um urso. Mas até nisso eles colocam um parêntese. Porque se você está sendo atacado é porque você foi no lugar que eles vivem. Algo aconteceu que o homem foi lá. Abriu uma mineradora, algo assim. Os animais ficam acuados e atacam.
Ou seja, não sou satanista, mas tenho uma ligação grande com eles. Troco muita ideia com eles nos EUA. Aqui no Brasil, acho que não existe essa instituição. O fato de escolher a palavra ‘satânico’ é legal, porque eles queriam combater as religiões frente a frente. Montaram uma espécie de religião, mas que não existe rito, clero nem nada. É tipo um centro cultural lá. Aí, eles colocaram o Baphomet como figura que representa a religião. Tem uma estátua famosa que é o Baphomet no trono com duas crianças. Eles usam isso para bater de frente. Qual o inimigo que as próprias religiões criaram para elas? É o próprio diabo. Deus é a figura do bem. Temos os anjos e os capetinhas também. Eles querem mostrar que todas as pessoas são iguais. Não perante deus ou o diabo e sim perante a lei dos homens.
Não é raro vermos um parque com uma Nossa Senhora ou uma cruz que representa a crença católica cristã. Eles acreditam que, se tem aquela estátua lá, pode ter uma do Baphomet também. Ou seja, se o país é laico e respeita todas as religiões, ele dá o direito que todas as religiões sejam bem vindas. Pode ter o Exu, Iemanjá, Buda, Baphomet etc. Por que só de Jesus Cristo? A ideia deles é estabelecer a igualdade. Não existe ritual satânico lá, botar fogo ou matar bode. Eles têm um grupo forte de advogados que eles tentam trabalhar dentro da Constituição americana apoiando vítimas de estupro. Eles têm clínicas de aborto legalizadas. Tudo que está ligado à política, mas que tem rabo preso com a religião, eles atuam. Essa é minha maior briga com a religião. Escrevo para combater isso. Está errado. Se você quer discutir o aborto, podemos discutir dentro das questões de saúde pública e das leis. Não podemos discutir pensando em deus, religião ou catolicismo. Senão, você vive no absolutismo. Alguém define em quem você pode acreditar.
Agora, não acho que toda religião é ruim, ou que as religiões de forma geral são ruins. Mas acho que representam um grande atraso. Elas estão todas fundadas e baseadas em preceitos muito antigos da humanidade. Milenares, às vezes, e de uma época extremamente machista. Se até hoje não conseguimos traçar um perfil igualitário entre homens e mulheres no nosso país, que é democrático, imagina em países árabes ou na Rússia. Temos religiões que falam que a bíblia fala isso e é lei. Só que já tem 2 mil anos que ela está sendo escrita, editada etc. Existem livros que foram retirados. Tem o Corão, que tem 3 mil anos. São leis que as pessoas seguem de um mundo que não existe mais. O mundo é outro e exige novos pensamentos, novas formas de olhar para frente. Não falo em liberar geral, mas são coisas básicas. Regras básicas para viver em sociedade. A religião atrapalha muito isso. Agora, conheço pessoas que foram para a Igreja Evangélica e que ainda bem que foram. Dou graças a deus [risos]. Se não fossem, não seriam salvas. Elas fariam muita merda com outras pessoas e com elas mesmas. Acredito que, apesar de serem atraso, as religiões também servem como regras e balizas para pessoas que não têm o menor discernimento entre o que é certo e errado.
Nós, no The Troops of Doom, fazemos arte. Toda estética visual e lírica precisa ser rebuscada. É uma fantasia. Alguém me perguntou um tempo atrás por que só falamos do diabo e inferno. Eu falei que é porque não tenho estômago para falar do ser humano. Não tenho coragem de fazer a capa de um disco nosso com uma cena de crianças na África passando fome até morrer. Para mim, é forte demais. Prefiro falar de uma coisa que para mim é uma fantasia e que posso usar como metáfora para outras coisas. Essa rebeldia que tenho com a religião e a necessidade de mostrar algo agressivo para combater o lado ruim da religião precisa ser feita dessa forma. Usando o diabo, satã, inferno, fogo etc. Mas isso é muito mais fácil do que usar as coisas que nós seres humanos fazemos.
O Sepultura sofreu com a ditadura? Foram censurados?
Nunca tivemos problema com a ditadura. Talvez por sermos quatro moleques escrevendo sobre o demônio. Isso não incomodava em nada. Mesmo se usássemos o demônio como metáfora para algum político, como fazemos hoje. Às vezes, conto uma história numa música e posso estar falando do Putin ou do Bolsonaro. Até mesmo do Hitler, quando falo do anticristo. É minha visão do mundo de forma metafórica. Na época do Sepultura, apesar de ser um país governado por um general no final da ditadura, nada nos incomodou em termos de censura. O que nos incomodava é que, pelo nosso visual, tomávamos dura e tapa da polícia todos os dias de nossa vida. Se botava o pé na rua, não tinha escapatória. Já virava para a parede, abria a perna e o braço. Não tinha conversa. Já fomos para a delegacia e camburão, mas nunca fomos levados para um lugar onde pudéssemos temer que nossas mães nunca mais nos vissem. Não éramos uma ameaça. Nosso papo era direto com deus e o diabo! [risos].
Como foi gravar a música “A Queda”, do The Troops of Doom, com o João Gordo?
Adorei o resultado. Foi difícil chegar, porque o Alex e o João Gordo gravaram a letra toda da música. Temos essas duas versões e queríamos dividir os vocais. O produtor nos ajudou a definir onde entraria o de cara um. São vocais diferentes, então dá um equilíbrio legal. Essa música já foi composta pensando no João Gordo. Ela foi pensada em português. Queríamos que as pessoas que falam línguas latinas entendessem. Ela é voltada para esse mercado. Estamos falando da igreja evangélica. Não faria muito sentido na Europa e EUA. Definimos que seria em português e a primeira pessoa que veio na minha cabeça foi o João Gordo. Sou amigo dele desde os anos 1980. Ele ia sempre na casa do Max e do Paulo, do Sepultura. Eu tinha um canal livre para conversar e ele topou. Ele gravou em casa e depois mandamos para o produtor na Suécia. Ele editou e ficou muito legal. Essa música funciona bem ao vivo. É legal ver todo mundo cantar junto. Comecei a escrever essa letra e o Alex terminou. O Marcelo deu dicas também. Tenho muito orgulho dela.
Quais artistas mais te influenciaram na sua juventude?
Quando comecei a compor, já escutava muito rock. Não metal, mas Kiss, Alice Cooper e Elvis Presley. Peguei o violão e comecei a tentar tirar as músicas. Descobri que meu ouvido é quase absoluto. Eu tiro música muito fácil. Comecei a querer uma guitarra e minha mãe me deu uma. A partir daí, com as amizades, conheci o metal. Tenho um irmão de criação chamado Rogério e ele me mostrou muita coisa. Comecei a conhecer Judas Priest, Iron Maiden e Accept. Passei para Mercyful Fate, Metallica e Slayer. Só fui apodrecendo! [risos]. Fui cavando esse lado mais maldito e underground. Gostava de Hellhammer, Celtic Frost, Kreator, Possessed, Sodom etc. Nessa época, conheci o Max e o Igor e juntamos nossas influências, que eram praticamente as mesmas.
A diferença é que eu tinha uma influência inicial do Kiss, Alice Cooper e Elvis; o Paulo era Iron Maiden e Kiss, tanto que o apelido dele era Paulo Kiss; já o Max e Igor eram mais para o Van Halen, Rush e Motörhehad. Juntamos tudo e fomos conhecendo mais coisas. Desenvolvemos o Sepultura em cima dessas bases. Não sabíamos tocar igual aos caras do Rush! Só servíamos para fazer barulho mesmo. Começamos a trocar figurinha com essas bandas de fora e o death metal foi sendo desenvolvido a partir dali. Hoje, tenho as mesmas influências. Não sou de ouvir muita coisa nova. No máximo de 1998 para trás. Escuto poucas coisas, porque poucas me agradaram. Não sou fã de prog tipo Meshuggah e todos os filhos da banda. Também não falo mal. Inclusive, os caras da banda são muito gente boa. Escuto Iron Maiden, Accept, Metallica, Slayer etc. Algumas coisas mais novas fui aprendendo a gostar. Posso citar o Gojira, que é uma grande revelação de uns 15 anos para cá. Gosto também do Tool. São as bandas mais novas que peguei para mim como influência.
Tenho influência também do chamado dark, o que explica minha passagem pelo The Mist. São bandas que não têm a ver com o metal tradicional. Por exemplo, algo mais gótico e pós-punk, como The Sisters of Mercy, David Bowie, Type o Negative, Ministry etc. Tenho essa coisa industrial também. Curto o Moonspell também. Elas me influenciaram muito. Ou seja, gosto do rock anos 1970, desse mais industrial e do death metal.
E as bandas nacionais?
Eu canto até RPM, porque esse rock brasileiro dos anos 1980 tocou tanto na minha adolescência que gravei [risos]. Peguei desde antes do Capital Inicial e Legião Urbana. Lembro do Aborto Elétrico, Barão Vermelho e tudo mais. O Sepultura não tinha relação direta com essas bandas. A relação mais próxima que tivemos foi com os Titãs, por razões óbvias: eles sempre gostaram de metal para caramba. Quando eles lançaram o ‘Cabeça Dinossauro’, vimos que eles eram do balacobaco [risos]. Os caras eram pesados, não só pela música, mas pela estética da banda, que vinha contra a coisa mais playboy da época. Tinham os bonitinhos do Kid Abelha. Eles vieram passando o rodo! Um monte de cara estranho, nenhum era bonito. Tudo magrelo e tocando um som muito louco. Para mim, eles são a banda que mais gosto do rock nacional e que melhor representam o estilo.
Como foi sua colaboração com a baterista Nanu Villalba, ex-Nervosa?
Gostei muito! Sou péssimo de tecnologia, mas tenho um amigo que me ajuda quando preciso. Nesse caso, ela mandou a bateria o desafio era gravar a guitarra por cima. A Nanu é uma excelente baterista. Não tinha contato com ela. Foi ela que entrou em contato comigo e falou que está fazendo vídeos com guitarristas e me convidou. Eu topei e ela me mandou essas ideias. Ela gravou a bateria, uns 30 compassos, que iam mudando a cada quatro compassos. Me passou e desse jeito precisei criar uma música em cima! Foi muito louco! Eu só tinha a bateria e pensei o que poderia fazer. Tinha umas convenções malucas lá no meio. Gravei e mandei para ela no mesmo dia. Ela gostou muito! Algumas pessoas comentaram dizendo que nós devíamos fazer alguma colaboração! Ia ser lindo, mas seria nesse esquema online, como é o The Troops of Doom. Nós nascemos no online, porque cada um mora em um estado do Brasil. Nos encontramos antes de um show e aí matamos saudades. Nós ensaiamos em casa sozinhos, para manter tudo ensaiado.
Como você chegou nesse visual com essa barba e bigode?
Esse visual vem de 2015, mais ou menos! [risos]. Eu nunca tinha usado barba e, em 2015, montei uma pequena fábrica de capacetes. Eu fabricava sozinho. Era para motociclistas que gostam de capacetes vintage. Sou artista plástico também e resolvi entrar nessa. Eu fazia a costura do forro, acabamentos, pinta etc. Essa galera começou a frequentar o atelier e queriam que eu fizesse o capacete que casasse com a pintura da moto. Então, começaram a pedir cerveja e eu nunca tinha. Resolvi comprar um freezer e a coisa começou a dar certo. Montei um bar dentro da fábrica! O bar foi crescendo e comecei a botar duplas para se apresentar. Rolava rock, blues e country. Fui ampliando e em alguns meses montei uma loja maior. O visual dos caras era assim, com bigode e barba. Começaram a falar para eu deixar também! Meu cabelo é preto, mas não pinto! Só que a barba acabou nascendo branca. Gostei muito do visual! Ficou diferente, estilo Marechal Deodoro ou Dom Pedro! [risos]. Isso impõe respeito! Vou nos lugares e ao invés das meninas me cantarem, me chamam de senhor e perguntam as horas!
Quais são os 5 discos que mais te influenciaram?
Tem uns que são óbvios, que me influenciaram no começo da minha vida. O ‘Love Gun’, do Kiss, gosto muito. Sempre escutei demais esse. Até o ‘Creatures of the Night’ gosto de tudo. Eu tirava as músicas e tudo. O ‘Ride the Lightning’, do Metallica, que é um divisor de águas. Ele traz aquele thrash da Bay Area bem cru e muito bem feito. Tem instrumental, balada e tudo. Outro que sou fanático e não tem a ver com metal é o ‘The Wall’, do Pink Floyd. Escuto sempre. Eu assisti ao filme antes de conhecer o álbum. Minha irmã me chamou. Ela disse que tinha um trabalho que era assim: assistir primeiro careta e depois doidão [risos]. Era mentira, nenhum professor ia mandá-la fazer isso! Acho foda esse filme e o disco para mim é completo nesse sentido. Ele trouxe essa consciência de fazer coisas conceituais.
Fazer um disco dedicado a uma história e você ouve em uma certa ordem. Eles fizeram um pacote completo. Achei ótimo o marketing. Me trouxe ideias. O próprio ‘The Hangman Tree’, do The Mist, é conceitual. Éramos pobres e não tínhamos dinheiro para fazer um filme, mas se deixasse, teríamos feito. Gosto do ‘Hell Awaits’, do Slayer, que é agressivo demais. Foi quando encontrei o tipo de música que eu queria fazer. Já gostava da banda antes, mas ali foi quando bateu essa coisa do death metal e fiquei fascinado. Por último, cito o ‘Rattle and Hum’, do U2, que é um disco duplo ao vivo. Hoje, o Dave Grohl resolveu buscar as raízes do Foo Fighters e acho que nessa época o U2 fez isso. É bem maluco, com vários convidados. Tem coisas no estúdio também.