09/11/2022 às 00:19 Entrevistas

Entrevista com Tom Chaplin (Keane)

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Tom Chaplin é vocalista da banda de pop/rock Keane e está lançando o álbum “Midpoint”, como artista solo. O novo disco reflete sobre as sensações ao chegar na metade da vida e traz mensagens de amor e família.

Conversei com Tom Chaplin e falamos também sobre seu grande hit “Somewhere Only We Know”, com o Keane, que em breve chegará a 1 bilhão de streams no Spotify. Boa leitura!

Qual feedback você está recebendo dos fãs em relação ao seu novo disco solo “Midpoint”?

É um álbum bem diferente do que já fiz antes. Não é um álbum do Keane, sabe? Falo sobre o tema de como é ficar mais velho. O nome é sobre esse momento em que nos encontramos no meio de nossas vidas. É um assunto que não foi falado muito na música pop. A reação dos fãs foi ótima. Eu estava preocupado de as pessoas não se conectarem com essa proposta, mas atingiu gente suficiente para me fazer feliz! [risos].

Acho que é um álbum bem bonito, feito de maneira ao vivo praticamente, com todos tocando juntos. É sobre capturar um momento. Tem alma na maneira com que fizemos. Também percebi que as pessoas compreendem o que quero dizer com esse assunto de ‘meia idade’, porque todos vão passar ou já passaram por isso. É um tema universal, mas não falamos muito no rock.

A música “Gravitational” fala sobre amor, mas também sobre seus problemas com vício em drogas. Como foi juntar essas duas temáticas?

Não penso muito por esse lado. Acho que minha história com vícios sempre irá me acompanhar. É uma música ambígua. Eu ainda sinto esses químicos fortes que consumi, mas hoje é como se eu tivesse os substituído pelo amor pela vida, entende? É uma química da felicidade que seu corpo produz quando você está com sua esposa e filhos.

Antigamente, conseguia esse sentimento com as drogas e bebidas. Agora, é uma forma diferente. Uma coisa mais natural. É sobre isso que a música fala. É sobre tentar ter essas experiências autênticas. Tive experiências extremas na vida com sucesso e fama e isso é empolgante, mas nesse ponto da vida, o que importa é ficar com meus filhos e me sentir em casa. Me sentir conectado. É sobre perceber a importância dessas coisas autênticas.

Outra música emocionante é a “Overshoot”. Ela fala sobre nossa jornada pela vida. Como você enxerga seu legado nessa vida? Como você quer ser lembrado?

Não penso nesse lance de legado. Acho que quando morremos, isso não importa muito. Não sei, só quero que minhas crianças estejam felizes. Quero deixar o mundo melhor do que encontrei. Quero que as coisas que fiz deixem uma influência positiva no mundo. Pode ser que eu atinja apenas minha família dessa forma. Isso é algo que vale a pena! [risos]. Faz minha vida ter sentido.

Agora, sobre ‘Overshoot’, é uma música sobre estar com minha mulher              . Estou com ela já tem 20 anos! Essa relação é interessante, durou muito e teve seus altos e baixos. Existem momentos em que você acha que já viveu suficiente essa história, mas outros momentos você percebe o quão profundo é o amor que sentimos um pelo outro. Temos uma história que não pode ser recriada de uma hora para outra com outra pessoa.

A ideia é permanecer juntos até o final, sabendo que existem altos e baixos. Queremos que nossos filhos fiquem fortes e seguros. A música é sobre ter essa sorte de estar segurando a mão dela quando o navio afundar. Aí, entraremos na escuridão eterna. É uma canção de amor sobre nossa experiência. Não é o tipo de música que se compõe quando se tem 21 anos, só quando atinge uma certa idade. É uma das minhas canções favoritas do álbum.

Falando um pouco sobre o Keane. A música “Somewhere Only We Know” está chegando a 900 milhões de streams no Spotify. Parabéns pela marca! Quais memórias você tem dessa composição? Por que acha que ela alcançou toda essa popularidade?

Obrigado! Essa música é interessante. Ela continua ganhando vida nova mesmo tendo sido lançada a quase 20 anos. Ela fez sucesso na época, aí depois a Lily Allen regravou e trouxe um novo ciclo para a música. Virou uma coisa meio música de Natal, essa versão pelo menos. Isso é legal!

A razão do sucesso também veio porque virou sensação no Tik Tok. Eles usam a música como backtrack para vários vídeos lá. Ou seja, deu outra vida novamente! Agora, claro que é uma música muito bonita, né? Tem dois refrãos! Você acha que a ponte é o refrão, mas aí depois vem o refrão em si. Os fãs adoram isso! Tem ganchos lá.

A música é sobre encontrar algo simples e que você consiga se relacionar. Pode ser alguém ou um lugar que signifique muito para você. Todos conseguem se conectar com isso. Não somos nada se não conseguirmos nos conectar e relacionar. A letra diz para nós nos distanciarmos dessa loucura e nos encontrar em uma pequena bolha nossa. Precisamos disso em um mundo rápido e louco que vivemos.

Não achávamos que essa música ia ter o impacto e atingir a longevidade que atingiu. Para nós, era mais uma de nossas músicas! Era boa, mas nunca pensamos que duraria tanto e atingiria quase 1 bilhão de streams! É algo louco de pensar!

Se você tivesse que escolher 5 álbuns favoritos de todos os tempos, quais seriam?

Essa é difícil! Provavelmente escolheria o álbum ‘Five Leaves Left’, do Nick Drake; também o ‘OK Computer’, do Radiohead; o ‘Revolver’, dos Beatles; um do The Blue Nile, que é da Escócia. Seria o ‘Hats’, que é fabuloso; e por fim o álbum ‘Bon Iver’, do artista de mesmo nome”. 

09 Nov 2022

Entrevista com Tom Chaplin (Keane)

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