13/12/2021 às 18:49 Entrevistas

Entrevista com o guitarrista Roby de Micheli (Rhapsody of Fire)

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7min de leitura

O Rhapsody of Fire é, sem dúvidas, um dos grandes nomes do power metal de todos os tempos. Coroando a nova fase do grupo, que agora conta com o vocalista Giacomo Voli, os italianos lançaram o aclamado álbum "Glory For Salvation".

Conversei com o guitarrista Roby de Micheli, que contou tudo sobre o momento atual do Rhapsody. Ele também falou sobre seu passado com a banda, Luca Turilli, os "Dois Rhapsodys" e muito mais! Boa leitura!

Gustavo Maiato: O Rhapsody of Fire acabou de lançar o novo álbum “Glory For Salvation”. Sinto como se todos os elementos característicos do som da banda estão presentes no trabalho. Como você está se sentindo com o lançamento e qual sua avaliação da sua guitarra nas músicas?

Roby de Micheli: Estamos todos muito felizes com o álbum! Provavelmente todos os elementos da sonoridade do Rhapsody estão presentes nele: o coro, velocidade, momentos épicos, linhas vocais diversas, muito shredding!

Sobre meu trabalho de guitarra, estou muito feliz, porque para mim conseguimos um equilíbrio perfeito entre momentos bem fritados e partes melódicas. Para mim, apenas tocar milhões de notas não tem sentido nenhum! (risos).

Eu, Giacomo e Alex Staropoli, assim como os outros caras, curtimos muito esse lance de ter uma melodia legal tanto para a voz quanto para as guitarras e orquestrações. Estamos muito felizes!

Gustavo Maiato: Você compôs algumas músicas para o novo álbum. Como você avalia sua contribuição como compositor nesse registro e qual música você gostou mais do resultado?

Roby de Micheli: Em todos os álbuns que participei do Rhapsody, componho toneladas de riffs de guitarra! Depois, com o Alex, escolhemos os melhores e trabalhamos neles. Por exemplo, em “Kingdom of Ice” e “Infinitae Gloriae”, temos riffs típicos do Rhapsody. Ficamos trabalhando por semanas nessas músicas.

O riff da “Abyss of Pain – Part II”, por outro lado, não é um riff típico do Rhapsody. É um pouco mais pesado, indo para o thrash. Já “Magic Signs”, nós compusemos juntos e ficou muito legal.


Gustavo Maiato: Por falar em guitarras do Rhapsody, a banda sempre foi muito famosa pelo trabalho de Luca Turilli. A sonoridade é reconhecida instantaneamente! Como foi o desafio de colocar sua musicalidade no Rhapsody honrando o passado e imprimindo sua personalidade?

Roby de Micheli: Para mim, isso é completamente normal. Talvez você não saiba, mas eu fui um dos membros fundadores do Rhapsody lá atrás! Eu e o Luca éramos colegas de classe no colégio. A banda se chamava Thundercross ainda.

Para mim, tocar esse tipo de música é algo normal! Por esse motivo, componho muitos riffs nesse estilo. É como se fosse tomar um copo d’água! Fico feliz que você tenha percebido minha personalidade nessas músicas.

Entendo que um bom guitarrista não precisa tocar rápido toda hora, procuro colocar minha personalidade. Preciso ser o cara por trás da guitarra agora.


Gustavo Maiato: Poderia nos contar um pouco mais sobre essa história de você ajudar a fundar o Rhapsody?

Roby de Micheli: Sim, foi algo incrível! Éramos crianças, com muitas ideias e sonhos. É surreal estar na escola e imaginar um futuro onde milhares de pessoas estão ouvindo suas músicas. Aí, depois de 20 anos, isso acontece na vida real! É como um filme que passa. Você fala sobre isso e agora é a realidade.

Eu e Luca Turilli estudávamos juntos. Nós sentávamos bem perto um do outro. O nome “Thundercross” surgiu da ideia de ser duas guitarras cruzadas. E o “raio” é porque um dos primeiros discos que escutamos juntos foi o “Thundersteel”, do Riot.

Gustavo Maiato: Você ficou apenas na época do Thundercross, certo?

Roby de Micheli: Sim, participei dos primeiros ensaios e tudo mais. Mas aí na época do “Legendary Tales” eu não estava mais. Na época, o Luca Turilli fazia a guitarra rítmica e cantava. Eu fazia os solos e o Alex era o tecladista.

Gustavo Maiato: Falando sobre essa nova era do Rhapsody, não podemos deixar de comentar sobre o novo vocalista Giacomo Voli. Você esteve na banda na época do Fabio Lione também. Como você sentiu essa mudança?

Roby de Micheli: Bom, o talento dos dois é indiscutível. O Fabio é um talento enorme, assim como o Giacomo. Podemos falar sobre as diferenças das características de suas vozes. O Giacomo tem um alcance diferente. Escrevemos as novas músicas sempre pensando em utilizar melhor o alcance dele.

Se você analisar as músicas e os momentos de coral, os arranjos, tudo foi pensado nas características da voz do Giacomo. Ele tem uma pronúncia muito boa em inglês também. As palavras são limpas, dá para ouvir tudo direitinho. Ele também tem uma ótima abordagem da na hora de escrever as letras.

Dessa vez, o álbum conta uma história que é uma mistura de fantasia com cyberpunk, com elementos contemporâneos. O Giacomo tem sempre ideias geniais para colocar nas letras.


Gustavo Maiato: Alguns anos atrás, o Rhapsody of Fire lançou o álbum “Legendary Years”, com versões de clássicos antigos da banda. Como foi gravar essas músicas e qual foi sua preferida?

Roby de Micheli: Para mim foi uma grande honra regravar essas músicas. A que mais gosto provavelmente é a “Dark Tower of Abyss”. Trabalhamos muito para nos manter próximos da versão original.

Todos os integrantes fizeram um excelente trabalho. Para a banda, a ideia do disco foi apresentar o Giacomo para nossos fãs. Não foi algo comercial.

Gustavo Maiato: Como é sua relação com o Alex Staropoli? Ele é o único membro da formação original.

Roby de Micheli: Minha relação com ele é ótima, temos uma amizade de muitos anos. Desde a década de 80! É algo normal, como uma relação entre amigos. Conversamos, bebemos cerveja, falamos sobre várias coisas. Para mim, me juntar novamente à banda foi como voltar para casa.

Gustavo Maiato: Você continuou falando com a banda ao longo desses anos em que esteve afastado então, certo?

Roby de Micheli: Sim, eu fiquei muito feliz com o sucesso deles. Eles conseguiram um resultado incrível.

Gustavo Maiato: Por que você saiu da banda lá atrás?

Roby de Micheli: Eu saí porque na década de 90 eu tinha uma visão diferente sobre o que eu queria na música. Eu queria descobrir novos tipos de música... progressiva, psicodélica, descobri muitas coisas, mas no final, é bom estar em casa!

Gustavo Maiato: Agora, temos essa situação com dois Rhapsody. O que você acha dessa situação? Será que podemos esperar por uma grande reunião entre as duas bandas?

Roby de Micheli: Eu realmente não sei. Certamente, ter duas bandas chamadas Rhapsody é uma situação estranha! Mas é o que temos. Acho que os dois Rhapsodys procuram, cada um da sua maneira, fazer o melhor em cada lançamento.

Gustavo Maiato: Para os fãs, seria ótimo ver todos reunidos!

Roby de Micheli: A coisa mais importante é focar na música e nada além disso. A música é que fala!

Gustavo Maiato: Você tem planos para turnês? Quem sabe uma vinda ao Brasil!

Roby de Micheli: Nós temos muitos planos, mas precisamos aguardar esse momento da pandemia atual. Não sabemos o que acontecerá, mas talvez a turnê aconteça. Já nos reunimos com produtores, mas ainda precisamos esperar.

Gustavo Maiato: Qual música do novo álbum “Glory For Salvation” você mais quer tocar ao vivo?

Roby de Micheli: Provavelmente “Kingdom of Ice”. Ela é uma das minhas favoritas!

Gustavo Maiato: Como foi o início dos seus estudos na guitarra? Como foi o processo, quais foram suas influências...

Roby de Micheli: Eu sou bem velho! (risos). Eu, Luca e Alex temos a mesma idade. Então, fomos sortudos por crescer ouvindo as músicas dos anos 1980. Nessa época, surgiram os melhores guitarristas do mundo! Jason Becker, Yngwie Malmsteen, Paul Gilbert, John Petrucci, Marty Friedman, Steve Morse. São inúmeros guitarristas incríveis.

Para nós, foi muito fácil ouvir tudo isso e nos maravilharmos! Eu comecei a tocar violão com 8 anos. Depois, conheci o Malmsteen. Então pedi uma guitarra para minha mãe! Eu disse que queria ser igual ele! Comecei a tocar 10 horas por dia todos os dias.

Naqueles tempos, era difícil achar tutoriais. Não tinham muitas escolas de música que ensinassem metal. Era seu feeling e seu ouvido apenas. Aí você tentava tocar o que seus ídolos estavam tocando. Foi assim que funcionou para mim. Então, inconscientemente, foi assim que decidi e construí meu estilo.

Gustavo Maiato: Ao longo dos anos, você desenvolveu um estilo único de tocar. Que dicas você daria para guitarristas iniciantes que queiram soar como você?

Roby de Micheli: São três palavras: “Praticar, praticar e praticar!”. Não tem atalho ou uma dica específica. A prática e o foco são importantes. Você precisa ter uma ideia clara de onde quer chegar e praticar. Essa é a melhor maneira para desenvolver seu estilo e ser feliz no final das contas.

Gustavo Maiato: Obrigado pela entrevista, Roby! Poderia deixar uma mensagem para seus fãs no Brasil?

Roby de Micheli: Obrigado também! Quero dizer aos meus fãs brasileiros que o Rhapody of Fire tem os melhores fãs no mundo, somos gratos por isso! Lembro quando tocamos em São Paulo, foi uma noite maravilhosa! Esperamos voltar o mais rápido possível! Talvez ano que vem ou 2023! Amamos o povo e a comida do Brasil! Lembro que fui numa churrascaria ótima!

13 Dez 2021

Entrevista com o guitarrista Roby de Micheli (Rhapsody of Fire)

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