
Em 24 de setembro de 1877, na mítica batalha de Shiroyama, os soldados japoneses colocaram um ponto final nas forças samurai. No Japão, valores e códigos morais dos antigos e sábios guerreiros foram substituídos pela modernidade. Alguns desses tradicionalistas cometiam até suicídio, mas não se dobravam a suposta “ganância” e “corrupção” dessa nova sociedade que surgia.
Viajando para 2021, um dos grandes nomes da guitarra brasileira – Kiko Shred – lança o quarto disco de sua carreira. O nome? “Rebellion”. A inspiração? A força e determinação desses samurais. O resultado foi um disco arrebatador, surfando nas águas do Power Metal, do Neoclássico e um pouco de Hard Rock no meio. A mensagem é clara: a insatisfação com os tempos atuais. Principalmente no Brasil.
Começando o disco, “Mirror” apresenta aquele suco de Power Metal bem Stratovarius. Para noventista nenhum botar defeito. Destaque para a bateria de Lucas Tagliari que acompanha o riff com o chimbal. Já “Rainbow After The Storm” mantém a pegada, já com um solo de Kiko na intro.
O vocal de Ed Galdin caiu como uma luva na musicalidade de Kiko. Apostando em uma interpretação raivosa e épica, músicas como “Thorn Across My Heart” – com a presença de Doogie White (ex-Rainbow) chamam muito a atenção.
São poucos os revezes no caminho do disco. As faixas, por exemplo, perdem um pouco o fôlego no final, já que em nenhum momento vemos uma grande alteração no estilo, como uma música mais longa ou uma mais prog. Mas a alma permaneceu sempre lá: o espírito de insatisfação nas letras, a atitude “roquenrol” e a vontade de seguir seus próprios valores, como os antigos guerreiros da Terra do Sol Nascente.
